quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O vento vai dizer lento o que virá

Formatura, capelos ao ar, festa. O que era pra ser o fim se mostra muito mais como um começo. Toda aquela ansiedade que nasceu no início do ensino médio por esse momento perdura, mas agora paira sobre a incerteza do que está por vir. Você é levado a pensar que passa pela escola só para conseguir o conhecimento necessário para ultrapassar a barreira do vestibular, mesmo que isso não seja formalizado, está implantado no modo de levar as aulas de muitos professores. Mas quando essa etapa termina você percebe que não foi só isso, foi muito além de conhecimento acadêmico.

Você fez amigos. Grandes colegas também, mas algumas pessoas vão com você para o resto da sua vida. Aquele que riu com você das coisas mais engraçadas do mundo ou das piadas que ninguém entende, aquele que te trouxe pra realidade quando você sonhava demais ou te fez esquecer dos problemas sonhando com você, aquele que você ajudou ou recebeu ajuda. Uma das coisas que tenho orgulho são as amizades que fiz, essas poucas e boas valerão a pena.

Você viveu experiências. Cada situação te fez mais preparado para o mundo. Aquelas viagens incríveis e aquelas brigas inúteis, cada uma com seu aprendizado.

Você estudou. Ou pelo menos deveria. Também é importante aprender história, matemática, biologia... Grande parte das escolhas que virão a partir de agora irão cobrar de você alguma coisa que você aprendeu nas aulas, inclusive nas mais chatas. Ressalvo a importância da Pastoral Juvenil Marista (PJM) nessa fase da minha vida. As reuniões semanais me fizeram crescer muito enquanto cidadão protagonista na sociedade. A Missão Marista de Solidariedade me mostrou o quanto ajudar é divertido e o quanto se aprende fazendo isso. As missas da juventude mostraram que o jovem também tem fé e quer participar da igreja. Os encontros regionais me permitiram conhecer mais gente que pensa assim e que está disposto a fazer alguma coisa. O Congresso Nacional da PJM celebrou toda a caminhada da pjm e uniu ainda mais os jovens pejoteiros do Brasil. Cada momento, cada pessoas, cada música, enfim, tudo valeu muito a pena. “Porque PJM é o meu lugar...”

E tenho dito, tudo foi importante, nada foi desnecessário. As conquistas agora serão nossa bagagem para buscar nossos sonhos.




domingo, 7 de novembro de 2010

Mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesmo.

Texto de Marina Colasanti

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Descriminalizar?

Sempre fui averso a ideia de descriminalizar o aborto. Pensava que isso seria compactuar com a irresponsabilidade e indiferença com a vida. Mas penso diferente hoje.
Descriminalizar o aborto não significa promover o aborto, mas significa perceber que a via penal não é a melhor forma de tratar a questão. Mulheres e casais com condições econômicas razoáveis não sofrerão riscos à saúde tampouco o julgamento moral da sociedade, uma vez que isto será feito no silêncio do mundo privado. Apenas para constar: um aborto clandestino feito com segurança varia, em média, de R$ 1.500 a R$ 4.000 reais. Segundo dados do Dossiê Aborto de 2005 esta é a 5ª causa de morte materna no Brasil. Ademais, conforme dados do SUS, são cerca de 238 mil curetagens decorrentes de aborto por ano, cada uma ao custo médio de R$ 125,00; ficaram daí excluídos, por exemplo, os custos com internações por período superior a 24 horas, os gastos com UTI e os recursos necessários ao atendimento de seqüelas decorrentes do aborto clandestino. O risco é que a hipocrisia das nossas práticas se sobrepunha à capacidade de analisar o problema com praticidade e bom senso.
Eu não acho que o aborto deva ser utilizado como método contraceptivo – mas não é por isso que ele deve ser proibido. A solução é orientar a população menos informada e menos privilegiada, explicando que pílula anticoncepcional e camisinha (assim como outros métodos menos populares de contracepção) são a melhor solução para o caso. Vai demorar ? Vai. Mas não é negando um direito que você vai conscientizar as pessoas, e só a legalização vai permitir esclarecimento e debate. Não nos esqueçamos: não dá pra fazer uma ampla conscientização de algo que é tabu e proibido. A população deve ser educada a respeito, os aspectos morais devem ser divulgados. Um povo consciente sabe o que fazer, independente de qualquer lei. A criminalização do aborto não evita o aborto, mas tão-somente obriga a mulher a realizá-lo na clandestinidade. As ricas pagando um alto preço pelo sigilo e segurança do procedimento e as pobres relegadas à própria sorte, em um oceano de desinformação e preconceito.
O debate sobre a descriminalização do aborto não é sobre o direito ou não de a gestante abortar, mas sobre o direito ou não de a gestante ter auxílio médico para abortar. A Constituição brasileira garante em seu artigo 226, §7º, que “o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas”.
Os abortos acontecem e acontecerão, com ou sem a criminalização, pois nenhuma lei conseguirá constranger uma mulher a ter um filho contra sua vontade. Não é um fato que agrade à mulher que se submete a ele, ao Estado, ou a quem quer que seja. Mas acontece.
Cabe ao Estado legalizar a prática e evitar os males maiores que são consequências dos abortos realizados sem assistência médica: os danos à saúde ou mesmo a morte da mulher. Talvez esta mudança na lei não faça muita diferença para os homens ou para as mulheres ricas que não sentem na pele as consequências de sua criminalização; mas para as mulheres pobres esta seria a única lei que, de fato, poderia ser chamada de pró-vida.
E Tenho dito. Essa, como muitas outras questões, estão sendo tratadas superficialmente, sem enxergar as verdadeiras razões, para buscar as soluções mais certas. Não sou a favor do aborto, sou a favor da descriminalização dele. Basearmos-nos na hipocrisia não nos levará a lugar algum...
(aberto a ideias, para, quem sabe, mudar de opinião)

sábado, 2 de outubro de 2010

Muito mais que uma bandeira

A expressão desenvolvimento sustentável surgiu no final dos anos 70 e tem seu auge atualmente. Serviu e serve para os mais diversos fins, designando desde crescimento econômico constante e duradouro até empreendimentos que têm algum tipo de preocupação com a questão ambiental.
A idéia seria uma forma de avançar suprindo as necessidades da geração atual, mas sem prejudicar as gerações ainda por vir. Mas "desenvolvimento" significa atualmente pelo menos manter os padrões atuais de crescimento da economia, ou aumentá-los. E como fazer isso sem destruir, sem derrubar mais matas, sem poluir os rios, sem criar novos aterros sanitários e lixões? A sociedade digital em que estamos inseridos propõe criar máquinas cada vez mais sofisticadas e ecológicas que mantenham a escalada do nosso padrão de consumo. Mas como consumir mais se já ultrapassamos em mais de 20% a capacidade de reposição dos sistemas ecológicos? Como crescer para sempre? Crescer para quê? Para quem? São questões importantes.
Consumir é um imperativo dos nossos tempos, se não o consumo desenfreado das elites mundiais, o desejo de comprar impulsionado pelo poder da mídia, que manipula a cultura de maneira cada vez mais eficiente e impõe padrões de consumo insustentáveis. Frei Betto afirmou em uma conferência que a televisão vende os olhos dos espectadores por 15 ou 30 segundos, que têm a ilusão de não pagar nada pelo serviço. Dominados pela TV e pela internet os seres humanos, amedrontados nas suas casas, acreditam que desenvolvimento é ter cada vez mais, sem nenhum limite, viajar pelo espaço, não envelhecer nunca, ter do bom e do melhor, se entorpecer todo o dia. Desenvolver é não ver, deixar de envolver-se com a vida.
Vivendo em ambientes cada vez mais alheios à vida, o ser humano, solitário no mundo virtual, dificilmente compreenderá o complexo processo que fez com que cada item que consome e descarta chegue à sua frente. Ele prefere o conforto de banhos demorados, beber água em copos descartáveis, queimar toneladas de combustível fóssil para se aquecer e se mover. Amparado por uma tecnociência que acredita dominar a natureza, o ser humano se achou protegido e poderoso. Não quer mudar, mesmo sabendo que está minando a si próprio e que a necessidade primordial é viver em paz, ser feliz, sentir e aprender com a vida. Mais do que nunca precisa compreender e viver segundo os ciclos interiores e padrões cada vez mais harmônicos, conectados com os grandes ciclos naturais. Cada vez há mais evidência que desenvolvimento e sustentabilidade não são compatíveis, ou seja, não é desenvolvimento que o ser humano precisa.
Sustentabilidade é um dos princípios dos ecossistemas naturais, e revela-se como um caminho no qual andamos e aprendemos. Não há como pensar a educação do futuro sem incluir a percepção de como os ecossistemas naturais são naturalmente sustentáveis. Segundo Fritjof Capra (2003) "não há lixo no ambiente natural, o lixo de uma espécie é o alimento da outra" e portanto a energia flui através de ciclos que são fechados.
A sustentabilidade pode ser percebida em sua dimensão ecológica que mede a pegada de cada ser humano na Terra, o impacto de cada indivíduo junto às dádivas naturais, cálculo que é feito de diversas formas, nunca de forma muito precisa pela incapacidade que os cientistas têm em lidar com a complexidade das questões ecológicas. Por outro lado, a sustentabilidade também pode ser pensada no aspecto econômico: o que é uma economia sustentável? O trabalho realizado por Paul Singer é notável, buscando incansavelmente a sustentabilidade das relações econômicas, incluindo a solidariedade como valor econômico fundamental. Ele afirma que "para que tivéssemos uma sociedade em que predominasse a igualdade entre todos os seus membros, seria preciso que a economia fosse solidária em vez de competitiva" (Singer, 2002) A economia torna-se sustentável na medida em que se ecologiza, quando avançam os trabalhos de cooperativas e bancos populares, bem como as feiras de troca e grupos de consumo solidários e éticos.
A sustentabilidade pode ser apreendida em múltiplos ângulos. Olhar para a sustentabilidade social é perceber como é a distribuição de renda, bem-estar, afeto, relacionamentos, oportunidades. Pensar a sustentabilidade política é perceber a divisão e participação de toda a sociedade no poder. Sustentabilidade cultural se relaciona com o direito à diversidade cultural, o diálogo que se abre entre as manifestações culturais. O que une todas as visões de sustentabilidade são os valores humanos fundamentais de uma nova percepção ética, a cooperação, a solidariedade, o cuidado, o respeito, a integridade.
Como sustentabilidade é um processo utópico nunca acaba o caminho. E esse caminhar pressupõe muitos aprendizados na vida cotidiana, que possam repensar hábitos poluidores ou comportamentos irresponsáveis e agressivos. A transformação que Gaia implora para a humanidade é de visão de mundo e de ações no planeta. Transformar é viver processos ecopedagógicos.
A vida é uma grande escola e para colocar a educação dentro de um contexto ecológico nasceu a ecopedagogia no fim dos anos 90. Segundo Francisco Gutiérrez (1999):
Somos essencialmente nossa vida cotidiana... e a vida cotidiana é o lugar do sentido e das práticas de aprendizagem produtiva. A ampliação da consciência ambiental - capaz de contribuir para mudar valores e atitudes, acarretando alterações no modelo de desenvolvimento econômico predatório e nas políticas públicas do Brasil - só pode ser gerada como fruto de um amplo processo de transformação sociocultural. No plano nacional, é preciso manter e aprofundar a política nacional de educação ambiental, buscando contribuir para a necessária inflexão sociocultural, que enseje um conjunto de mudanças capazes de levar a um novo paradigma de desenvolvimento. São esses desafios que se impõem ao nosso tempo como compromissos inadiáveis.
Enquanto desenvolvimento sustentável for simplesmente discurso eleitoral ou restrito as camadas mais instruídas, seu conceito não será pleno. Crescer sim, porém sem destruir. E tenho dito.
A propósito, voto Marina Silva, grande defensora legítima da causa, entre outras.

(colaboração Gulherme B. e Patricia A.)


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aqueles que podemos chamar de 'os nossos'

As pessoas às vezes têm uma falsa ideia de amizade.

Ser amigo não é ficar o tempo todo junto, embora aconteça. A intensidade de um laço independe do número de horas que se compartilha com alguém. Vai bem além disso. Simples minutos podem marcar de verdade, se vividos com sinceridade.

Ser amigo não é ter gostos iguais. O que une não tem que ser interesses em comum, anseios semelhantes. Vejo que a diferença enriquece tanto, a ponto de tornar o diferente instigante, cada vez mais interessante. É absolutamente normal pessoas com propostas de vidas diferentes, com estilos musicais distintos, atividades diferentes, se tornarem próximas. É bom, inclusive.

Ser amigo não é se abster de opinião para não ofender. Por mais difícil que seja, queremos (ou deveríamos) conviver com aqueles que abram nossos olhos, que saibam apoiar sem esconder o erro. Muitos procuram um cúmplice, aquele que vai sempre dizer sim, que não o ajuda a evoluir. Não quero isso, quero além.

Tão peculiar o modo como nos relacionamos com ‘os nossos’. Tem aquele que logo pensamos quando o assunto é festa, o mais animado, antenado, hedonista. Já aquele outro nos vem quando pensamos no vestibular ou escola, o aplicado, consciente da importância do agora. Ainda aquele informado sobre música, enfim. Quero dizer que não adianta ter um modelo pré-moldado a esse respeito. Com cada amigo, os lugares, atividades, papos serão diferentes. E é saudável que seja assim. E são poucos. Aqueles que poderemos contar realmente, aqueles que podemos chamar de ‘os nossos’. Mas assim deve ser.

E tenho dito. Amizade vai além do que parece óbvio, do que pensamos ser convencional. Não adianta ter todas as afinidades do mundo se as almas não são compatíveis, bem como não há diferenças capazes de afastar duas pessoas ligadas por esse elo.

E Ela sabia que era fogueira demais pra se deixar virar fagulha. Decidiu abdicar da calma. Passou a buscar os seus iguais, e lentamente ao longo da estrada os foi encontrando, um a um. Nesse momento não eram muitos, mas eram os dEla. Aqueles ali a entendiam e partilhavam das mesmas convicções, viviam de forma parecida. Depois descobriu que nunca seriam tantos, não era pra ser assim. Existia a maioria, e existiam eles. Enfim, um pouco de paz. Continuou convivendo com aqueles humanos tão estranhos, mas reservou para si e para os seus as suas partes mais vivas porque necessitava ser compreendida. Fechou-se para a pequenez dos demais e assim conseguiu, de vez em quando, ser feliz.” @pittyleone

(Valeu amigos!)


c

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Voluntariado: jovens transformando realidades

O idealismo está sim presente na vida do jovem hoje, tão forte quanto era na década de 60, por exemplo. Mas o modo de atuar na sociedade mudou, temos o voluntariado. Nessa onda de indignação com o cenário político, o trabalho voluntário é o caminho para transformar nossa realidade na prática. Vemos o resultado. A atuação da juventude nesse ramo subiu de 7% para 34% e cerca de 14 milhões se interessam, mas não sabem como começar.
A incapacidade do Estado de suprir as necessidades básicas de seus cidadãos, principalmente dos menos favorecidos, levou a iniciativa privada a assumir tarefas que antes eram consideradas exclusivas do Estado, o que se chamou de Terceiro Setor.
Cada um tem suas motivações para começar, mas vejo três como fundamentais e sempre presentes:
- A busca de atividades diferenciadas para o tempo livre. A rotina não é muito agradável, mas aliando trabalhos voluntários, fica mais fácil levar (além do bem realizado, claro)
- A vontade de ajudar. Ver tudo acontecer sem poder fazer nada é frustrante, então é um modo de saciar o anseio de colaborar para resolver (reduzir, vai) as desigualdades e problemas do Brasil.
- A satisfação pessoal. Saber que é útil, que sua colaboração é fundamental e valorizada.
São muitas as possibilidades de atuação. Se a luta pela preservação da natureza e práticas sustentáveis é sua maior bandeira, é natural a busca por projetos com esse objetivo, assim como auxílio a crianças carentes, ajuda na educação... Enfim, são tantos ramos, basta escolher e se engajar!

Mas eis algumas dicas:
- Prefira instituições próximas de sua casa (mais fácil, não concorda?)
- Esperar que as pessoas vibrem com seu trabalho não é bom. Seja tolerante a críticas e saiba que fazer sem esperar recompensas (desse tipo) talvez seja a melhor forma de fazer
- Leve a sério. Não é por ser voluntário que não é sério. Pelo contrário. Tenha a mesma seriedade que teria em um emprego.
- Saiba escolher para não cair em ciladas. Se informe. Como é administrada? É legal? Pode ser só fachada...

Segue alguns links que podem ajudar
http://www.voluntarios.com.br/
http://www.ikoporan.org/
http://portaldovoluntario.org.br/

Trabalho voluntário é realmente gratificante. Aprende-se muito mais do que se ajuda. E tenho dito. Espero ter o estimulado a ser mais um que usa toda sua vitalidade em prol de ações nobres. Faz diferença, acredite!

sábado, 14 de agosto de 2010

...mas ninguém nunca vai poder dizer que não tivemos coragem de agir

Reclamar. Estamos tão acostumados a reclamar, que a ação está em segundo plano. A usura em que vivemos é questionada por todo mundo, a falta de empregos, a corrupção, saúde precária, tudo. Mas eis a questão: A sociedade em geral foi “moldada” para aceitar fielmente o que lhe é imposto, e quando não concorda, não sabe (ou quer) fazer algo que ajude de verdade. “Cidadania é um exercício ativo. Não é só receber as coisas: é intervir na sociedade, é participar”, diz Inácio da Silva, pesquisador e educador da Escola de Cidadania do Pólis – Instituto de Estudos. Afinal, se abstendo ou não, alguém vai subir lá e escrever as leis que NÓS teremos que obedecer. Então, que seja um dos nossos.
Alguns espaços onde você pode atuar:

Associação de bairro: Onde moradores se juntam em busca da melhoria da qualidade de vida de sua comunidade. É um espaço privilegiado para conquista de mudanças absolutamente visíveis e concretas. De uma olhada no site da Confederação Nacional das Associações de Moradores: http://www.conam.org.br/

Fóruns: Reunião de movimentos, entidades e organizações que debatem idéia para melhoria de algum tema. O mais conhecido é o Fórum Social Mundial: www.forumsocialmundial.org.br

Conselhos gestores de políticas públicas: São espaços em que a sociedade participa da elaboração e da gestão de políticas públicas junto a governos municipais, estaduais e federais. Consulte o site de sua prefeitura para se informar mais. Um bom exemplo é o Conselho Municipal de Juventude, em busca de avanço nas políticas públicas para o jovem.

Movimentos sociais: Reúnem pessoas e entidades em torno da luta por bandeiras mais amplas: feministas, operários, indígenas, estudantes etc. São mais conhecidos por promover passeatas, atos públicos e ocupações.

Organizações não-governamentais (ONGs): Entidades sem fins lucrativos, que normalmente atuam na defesa de direitos em várias áreas. Consulte o site da Associação Brasileira das ONGs e saiba como começar a agir por meio delas: www.abong.org.br.

E tenho dito, é fundamental questionar e militar para mudar o que está acontecendo de errado. Gente ignorante e sem capacidade (diria vontade) de se movimentar é tudo que os corruptos querem. É uma tarefa longa, que envolve mudança de mentalidade e cooperação mútua, mas ninguém nunca vai poder dizer que não tivemos coragem.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O amor de fato

Olhar diferente para algo que a maioria trata como comum. Essa seria uma definição sincera de um livro que estou lendo, de um cara chamado Alain de Botton. Um livro muito instigante para quem percebe o que ele quer dizer de verdade. Classificado na categoria “amor”, muitas vezes tem seu conteúdo resumido a uma história de um triângulo amoroso. E essa definição me afastaria dele. No geral trata-se o amor tão superficialmente, aqueles típicos de novelas, sem acrescentar nada novo. Mas o livro vai além.
Botton trata a história de uma maneira bem filosófica. Vai decifrando os personagens psicologicamente, nos inebriando nos seus mundos interiores. Uma viagem. A grande sacada do livro foi mudar a ótica sobre um assunto tão visitado pelos autores. Vou lendo, parando, olhando pro nada...
Temos grandes obras, mas, às vezes, os rótulos que lhe empregam acabam simplificando o que é naturalmente complexo. E é assim que deve ser, complexo, permitindo a nós embarcar em grandes jornadas (que acabam resultando em evolução pessoal).
E tenho dito.
A propósito, o livro se chama “O Movimento Romântico”.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Jovem e política. Antagonistas?

Passamos por um período (ou sempre estivemos nele) em que dizer que jovem não gosta de política já é um clichê, uma espécie de lugar-comum quando se fala no assunto. Mas isso, bem como outros conceitos desgastados, precisa ser revisto.

Nós, jovens, somos políticos por natureza. Veja bem, políticos no sentido amplo, no “trato das relações humanas”, no relacionar com o outro, então, porque não usar essa aptidão nata nas questões públicas? O voto aos 16 e 17 anos foi uma grande conquista do movimento estudantil, incorporada a constituição em 1988. Foi um grande avanço da juventude na conquista de seu espaço, mas agora é hora de merecê-la.

Enquanto jovem, percebo que realmente o número de amigos jovens com os quais converso sobre política é reduzido, temos inúmeros assuntos tidos como mais importantes, mas com o pessoal mais velho é a mesma coisa! É falacioso pensar que é possível isolar um grupo do restante da população, se um sofre da desmotivação partidária (chamo assim, não é decepção com os partidos?), os outros também.

E não existe apenas uma forma de modificar a nossa realidade através da política (significado amplo de novo). Além da clássica, que é se filiar a um partido político, que tal entrar pro grêmio, pra uma ONG, pra Pjm... Faz diferença, sério.

Temos incentivo. Sejam partidos totalmente rodeados de corrupção. Seja a mídia, que se abstém do papel de embasar o povo, optando por mostras só a decadência da vida de alguns políticos, maus políticos. Aliás, a mídia é fundamental, ninguém nasce questionador e crítico (revolucionário!?), isso depende do meio em que está inserido e do que ouve por aí.

Enfim, jovem vai ser jovem em qualquer lugar. Imagina o quão vai dinamizar o Estado estagnado de hoje... Talvez esteja aí a mudança tão almejada, e, ao mesmo tempo, ignorada.


“Não espere, levante, sempre vale a pena bradar! É hora, alguém tem que falar!”

Todos estão mudos - @pittyleone