quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aqueles que podemos chamar de 'os nossos'

As pessoas às vezes têm uma falsa ideia de amizade.

Ser amigo não é ficar o tempo todo junto, embora aconteça. A intensidade de um laço independe do número de horas que se compartilha com alguém. Vai bem além disso. Simples minutos podem marcar de verdade, se vividos com sinceridade.

Ser amigo não é ter gostos iguais. O que une não tem que ser interesses em comum, anseios semelhantes. Vejo que a diferença enriquece tanto, a ponto de tornar o diferente instigante, cada vez mais interessante. É absolutamente normal pessoas com propostas de vidas diferentes, com estilos musicais distintos, atividades diferentes, se tornarem próximas. É bom, inclusive.

Ser amigo não é se abster de opinião para não ofender. Por mais difícil que seja, queremos (ou deveríamos) conviver com aqueles que abram nossos olhos, que saibam apoiar sem esconder o erro. Muitos procuram um cúmplice, aquele que vai sempre dizer sim, que não o ajuda a evoluir. Não quero isso, quero além.

Tão peculiar o modo como nos relacionamos com ‘os nossos’. Tem aquele que logo pensamos quando o assunto é festa, o mais animado, antenado, hedonista. Já aquele outro nos vem quando pensamos no vestibular ou escola, o aplicado, consciente da importância do agora. Ainda aquele informado sobre música, enfim. Quero dizer que não adianta ter um modelo pré-moldado a esse respeito. Com cada amigo, os lugares, atividades, papos serão diferentes. E é saudável que seja assim. E são poucos. Aqueles que poderemos contar realmente, aqueles que podemos chamar de ‘os nossos’. Mas assim deve ser.

E tenho dito. Amizade vai além do que parece óbvio, do que pensamos ser convencional. Não adianta ter todas as afinidades do mundo se as almas não são compatíveis, bem como não há diferenças capazes de afastar duas pessoas ligadas por esse elo.

E Ela sabia que era fogueira demais pra se deixar virar fagulha. Decidiu abdicar da calma. Passou a buscar os seus iguais, e lentamente ao longo da estrada os foi encontrando, um a um. Nesse momento não eram muitos, mas eram os dEla. Aqueles ali a entendiam e partilhavam das mesmas convicções, viviam de forma parecida. Depois descobriu que nunca seriam tantos, não era pra ser assim. Existia a maioria, e existiam eles. Enfim, um pouco de paz. Continuou convivendo com aqueles humanos tão estranhos, mas reservou para si e para os seus as suas partes mais vivas porque necessitava ser compreendida. Fechou-se para a pequenez dos demais e assim conseguiu, de vez em quando, ser feliz.” @pittyleone

(Valeu amigos!)


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